quarta-feira, 21 de junho de 2017

CONTRAINDICAÇÃO PARA AMAMENTAR - PARTE 5/7


CONTRAINDICAÇÃO PARA AMAMENTAR - PARTE 5/7
 
PARTE – 5/7


DOENÇAS MATERNAS BACTERIANAS

 

TUBERCULOSE PULMONAR

As recomendações para amamentação em mães com tuberculose dependem da época do diagnóstico da doença e da fase do tratamento. O bacilo de Koch excepcionalmente é excretado pelo leite materno; a contaminação do recém-nascido habitualmente ocorre através do trato respiratório. Assim, mães com tuberculose extrapulmonar podem amamentar. Mulheres que recebem o tratamento adequado por duas a três semanas dificilmente mantêm-se bacilíferas, sendo consideradas não-contagiantes. Nos casos de mães bacilíferas, ou seja, não tratadas ou em tratamento com menos de duas a três semanas, recomendam-se algumas medidas (relacionadas no quadro abaixo) por causa da transmissão potencial através das gotículas do trato respiratório.

 

CONDUTA:

Mãe contagiante ou bacilífera

- Manter o tratamento da mãe com as drogas contra a tuberculose.

- Amamentar com o uso de máscaras (cobrindo o nariz e a boca) até que a nutriz deixe de ser bacilífera. Diminuir o contato próximo com a criança até que a mãe deixe de ser bacilífera.

 

Mãe não-contagiante ou abacilífera: manter amamentação

• Quando o diagnóstico de tuberculose materna for realizado durante a amamentação, o lactente deve ser considerado como potencialmente infectado. Nesses casos, recomenda-se:

- Não suspender a amamentação.

- Fazer teste tuberculínico na criança e investigar a doença.

Outras formas de tuberculose, além da pulmonar, devem sempre ser pesquisadas e, quando diagnosticadas, não contra-indicam o aleitamento materno.

As drogas atualmente recomendadas para o tratamento da tuberculose são compatíveis com a amamentação, mas os lactentes devem ser monitorados em relação a possíveis efeitos colaterais.

 

HANSENÍASE CONTAGIANTE (Virchowiana)

A hanseníase é uma doença de alta infecciosidade e baixa patogenicidade. Apresenta um quadro clínico variável, que depende basicamente da resposta imunológica celular do indivíduo. É transmitida pelo contato pessoal, preferencialmente, prolongado por meio das secreções nasais e da pele. O bacilo pode ser isolado no leite materno nos casos de doença de Hansen não tratada, bem como em pacientes com duração do tratamento inferior a três meses com sulfona (dapsona ou clofazamina) ou inferior a três semanas com rifampicina. Lesões de pele na mama também pode ser fonte de infecção para o recém-nascido. Não há contra-indicação para a amamentação se a mãe estiver sob tratamento adequado. Os medicamentos indicados podem passar para o leite humano em baixas concentrações, não havendo relato de efeitos colaterais graves. O tratamento precoce do recém-nascido deve ser estabelecido e realizado simultaneamente com o tratamento materno. As drogas utilizadas são as mesmas da mãe.

Conduta na mãe contagiante

• Evitar contato pele a pele entre a mãe e a criança.

• Amamentar com máscaras descartáveis.

• Lavar as mãos cuidadosamente antes de amamentar.

• Realizar desinfecção dos materiais que entram em contato com as secreções nasais maternas.

• Usar lenços descartáveis.

 

MASTITE

Mastite é um processo inflamatório da mama, acompanhado ou não de infecção. Quando se associa à lactação, denomina-se mastite lactacional ou puerperal. Banco de leite humano: Funcionamento, prevenção e controle de riscos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, as principais causas de mastite são estase do leite (causa primária) e infecção. Várias espécies de microrganismos têm sido associadas à mastite puerperal, destacando-se o Staphylococcus aureus como o agente mais comum, seguido do estafilococo coagulase-negativo (WHO, 2000). Entre as espécies menos freqüentemente isoladas estão: Streptococcus (alfa, beta e não-hemolítico), Escherichia coli, espécies de bacteróides, Corynebacterium kroppenstedti, Corynebacterium amycolatum, Corynebacterium tuberculostearicum, Salmonella, Mycobacterium tuberculosis, Candida e Cryptococcus. Em geral, a presença de patógenos bacterianos no leite materno não representa risco para o lactente. Os abscessos no seio ocorrem raramente e têm o risco potencial de romper o sistema ductal, liberando grande quantidade de patógenos bacterianos, como Staphylococcus aureus, no leite. Nesses casos, recomenda-se não amamentar no seio afetado pelo abscesso; entretanto, a alimentação no seio afetado pode ser restabelecida, uma vez que a mãe seja tratada adequadamente com antimicrobiano e após realizada a drenagem cirúrgica do abscesso. Mesmo quando a amamentação é interrompida no seio com abscessos, a alimentação pode ser mantida no seio não afetado.

CONDUTA:

• Esvaziamento completo da mama, por meio da manutenção da amamentação e retirada manual do excesso de leite após as mamadas, como procedimento de maior importância no tratamento.

• Tratamento sintomático da dor com analgésicos, preferencialmente o ibuprofeno, fármaco compatível com o aleitamento materno.

• A antibioticoterapia está indicada quando a contagem de células e a cultura da secreção láctea sugerir infecção (quadro clínico significativo desde o início), quando houver fissura visível de mamilos ou se os sintomas apresentados não melhoram após 12 a 24 horas de tratamento com ordenha. Nesses casos, deve ser prescritos antibióticos que sejam efetivos contra o S. aureus, produtor de betalactamases. Em todos os casos, os antibióticos devem ser utilizados por, no mínimo, dez a 14 dias, porque os tratamentos mais curtos apresentam alta incidência de recorrência.

• Tem sido indicado o emprego de compressas frias em substituição às quentes, destacando-se particularmente o efeito anestésico local das compressas frias e o risco de queimaduras das compressas quentes. As compressas frias devem ser usadas em intervalos regulares de até duas em duas horas, entre as mamadas e durante no máximo 10-15 minutos.

• Como medida de suporte, recomenda-se apoio emocional, repouso e ingestão abundante de líquidos, entre outras.

 

DOENÇA DIARRÉICA

Recomenda-se manter a amamentação durante a doença diarréica materna. Porém, é fundamental realizar os cuidados higiênicos maternos, em especial a higiene das mãos após o uso do sanitário, uma vez que os agentes etiológicos da diarréia não estão presentes no leite humano, mas podem ser importantes contaminantes externos.

 

SÍFILIS

A sífilis é uma doença transmitida por contato sexual e por outras formas, como contato com pessoa que tenha lesões ativas em mucosas e mamas. Não há evidências de transmissão pelo leite humano. A nutriz com sífilis primária ou secundária com lesões acometendo a mama, sobretudo na aréola, pode infectar a criança. Nesses casos, a amamentação ou o uso de leite ordenhado da própria mãe está contra-indicado até o tratamento e a regressão das lesões. Com 24 horas após o tratamento com penicilina, o agente infeccioso raramente é identificado nas lesões. Assim, não há contra-indicação à amamentação após o tratamento adequado.

 

BRUCELOSE
Há relato de isolamento da Brucella melitensis no leite humano, bem como de casos de doença em lactentes amamentados exclusivamente ao seio. Isso confirma a possibilidade de transmissão via leite materno. O aleitamento materno deve ser evitado na fase aguda de doença grave na mãe, podendo ser utilizado o leite humano ordenhado e pasteurizado. Logo que a doença for tratada com antimicrobianos e a nutriz apresentar melhora clínica, a amamentação pode ser restabelecida.
 
Contato: Carlos Soares 51 999.76.2483 - Email: htlv.pet.rs@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário