CONTRAINDICAÇÃO PARA AMAMENTAR - PARTE 5/7
PARTE – 5/7
DOENÇAS
MATERNAS BACTERIANAS
TUBERCULOSE
PULMONAR
As recomendações para amamentação em mães com tuberculose dependem
da época do diagnóstico da doença e da fase do tratamento. O bacilo de Koch excepcionalmente
é excretado pelo leite materno; a contaminação do recém-nascido habitualmente
ocorre através do trato respiratório. Assim, mães com tuberculose extrapulmonar
podem amamentar. Mulheres que recebem o tratamento adequado por duas a três
semanas dificilmente mantêm-se bacilíferas, sendo consideradas
não-contagiantes. Nos casos de mães bacilíferas, ou seja, não tratadas ou em
tratamento com menos de duas a três semanas, recomendam-se algumas medidas
(relacionadas no quadro abaixo) por causa da transmissão potencial através das
gotículas do trato respiratório.
CONDUTA:
• Mãe contagiante ou
bacilífera
- Manter o tratamento da mãe com as drogas contra a tuberculose.
- Amamentar com o uso de máscaras (cobrindo o nariz e a boca) até
que a nutriz deixe de ser bacilífera. Diminuir o contato próximo com a criança
até que a mãe deixe de ser bacilífera.
• Mãe não-contagiante ou
abacilífera: manter amamentação
• Quando o diagnóstico de tuberculose materna for realizado
durante a amamentação, o lactente deve ser considerado como potencialmente infectado.
Nesses casos, recomenda-se:
- Não suspender a amamentação.
- Fazer teste tuberculínico na criança e investigar a doença.
Outras formas de tuberculose, além da pulmonar, devem sempre ser
pesquisadas e, quando diagnosticadas, não contra-indicam o aleitamento materno.
As drogas atualmente recomendadas para o tratamento da tuberculose
são compatíveis com a amamentação, mas os lactentes devem ser monitorados em
relação a possíveis efeitos colaterais.
HANSENÍASE
CONTAGIANTE (Virchowiana)
A hanseníase é uma doença de alta infecciosidade e baixa
patogenicidade. Apresenta um quadro clínico variável, que depende basicamente
da resposta imunológica celular do indivíduo. É transmitida pelo contato
pessoal, preferencialmente, prolongado por meio das secreções nasais e da pele.
O bacilo pode ser isolado no leite materno nos casos de doença de Hansen não
tratada, bem como em pacientes com duração do tratamento inferior a três meses
com sulfona (dapsona ou clofazamina) ou inferior a três semanas com
rifampicina. Lesões de pele na mama também pode ser fonte de infecção para o
recém-nascido. Não há contra-indicação para a amamentação se a mãe estiver sob
tratamento adequado. Os medicamentos indicados podem passar para o leite humano
em baixas concentrações, não havendo relato de efeitos colaterais graves. O
tratamento precoce do recém-nascido deve ser estabelecido e realizado
simultaneamente com o tratamento materno. As drogas utilizadas são as mesmas da
mãe.
Conduta na
mãe contagiante
• Evitar contato pele a pele entre a mãe e a criança.
• Amamentar com máscaras descartáveis.
• Lavar as mãos cuidadosamente antes de amamentar.
• Realizar desinfecção dos materiais que entram em contato com as
secreções nasais maternas.
• Usar lenços descartáveis.
MASTITE
Mastite é um processo inflamatório da mama, acompanhado ou não de
infecção. Quando se associa à lactação, denomina-se mastite lactacional ou
puerperal. Banco de leite humano: Funcionamento, prevenção e controle de riscos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, as principais causas de
mastite são estase do leite (causa primária) e infecção. Várias espécies de
microrganismos têm sido associadas à mastite puerperal, destacando-se o Staphylococcus aureus como o agente mais
comum, seguido do estafilococo coagulase-negativo (WHO, 2000). Entre as
espécies menos freqüentemente isoladas estão: Streptococcus (alfa, beta e
não-hemolítico), Escherichia coli,
espécies de bacteróides, Corynebacterium
kroppenstedti, Corynebacterium amycolatum, Corynebacterium tuberculostearicum,
Salmonella, Mycobacterium tuberculosis, Candida e Cryptococcus. Em geral, a
presença de patógenos bacterianos no leite materno não representa risco para o
lactente. Os abscessos no seio ocorrem raramente e têm o risco potencial de
romper o sistema ductal, liberando grande quantidade de patógenos bacterianos,
como Staphylococcus aureus, no leite.
Nesses casos, recomenda-se não amamentar no seio afetado pelo abscesso;
entretanto, a alimentação no seio afetado pode ser restabelecida, uma vez que a
mãe seja tratada adequadamente com antimicrobiano e após realizada a drenagem
cirúrgica do abscesso. Mesmo quando a amamentação é interrompida no seio com
abscessos, a alimentação pode ser mantida no seio não afetado.
CONDUTA:
• Esvaziamento completo da mama, por meio da manutenção da
amamentação e retirada manual do excesso de leite após as mamadas, como procedimento
de maior importância no tratamento.
• Tratamento sintomático da dor com analgésicos, preferencialmente
o ibuprofeno, fármaco compatível com o aleitamento materno.
• A antibioticoterapia está indicada quando a contagem de células
e a cultura da secreção láctea sugerir infecção (quadro clínico significativo desde
o início), quando houver fissura visível de mamilos ou se os sintomas apresentados
não melhoram após 12 a 24 horas de tratamento com ordenha. Nesses casos, deve ser
prescritos antibióticos que sejam efetivos contra o S. aureus, produtor de betalactamases. Em todos os casos, os antibióticos
devem ser utilizados por, no mínimo, dez a 14 dias, porque os tratamentos mais
curtos apresentam alta incidência de recorrência.
• Tem sido indicado o emprego de compressas frias em substituição
às
quentes,
destacando-se particularmente o efeito anestésico local das compressas
frias e o risco de queimaduras das compressas quentes. As compressas
frias devem ser usadas em intervalos regulares de até duas em duas
horas, entre as mamadas e durante no máximo 10-15 minutos.
• Como medida de suporte, recomenda-se apoio emocional, repouso e
ingestão abundante de líquidos, entre outras.
DOENÇA
DIARRÉICA
Recomenda-se manter a amamentação durante a doença diarréica
materna. Porém, é fundamental realizar os cuidados higiênicos maternos, em
especial a higiene das mãos após o uso do sanitário, uma vez que os agentes
etiológicos da diarréia não estão presentes no leite humano, mas podem ser
importantes contaminantes externos.
SÍFILIS
A sífilis é uma doença transmitida por contato sexual e por outras
formas, como contato com pessoa que tenha lesões ativas em mucosas e mamas. Não
há evidências de transmissão pelo leite humano. A nutriz com sífilis primária ou
secundária com lesões acometendo a mama, sobretudo na aréola, pode infectar a
criança. Nesses casos, a amamentação ou o uso de leite ordenhado da própria mãe
está contra-indicado até o tratamento e a regressão das lesões. Com 24 horas após o
tratamento com penicilina, o agente infeccioso raramente é identificado nas
lesões. Assim, não há contra-indicação à amamentação após o tratamento adequado.
BRUCELOSE
Há relato de isolamento da Brucella melitensis no leite humano, bem como de casos de doença em
lactentes amamentados exclusivamente ao seio. Isso confirma a possibilidade de
transmissão via leite materno. O aleitamento materno deve ser evitado na fase
aguda de doença grave na mãe, podendo ser utilizado o leite humano ordenhado e
pasteurizado. Logo que a doença for tratada com antimicrobianos e a nutriz
apresentar melhora clínica, a amamentação pode ser restabelecida.